Eu sou um tanto quanto “chegado a uma tradição” e me apego
ferrenhamente a cada uma que instituo. No que tange às minhas leituras, sou um
completo e confesso tradicionalista. Todo ano eu inicio meu “ano de leitura”
lendo um grande clássico ou relendo alguma obra que me marcou de uma forma
especial. Em 2012, óbvio, segui a tradição, mas confesso tê-la levado a
extremos logo no primeiro mês do ano, pois iniciei o ano com a leitura do
extraordinário Nova Antologia do Conto
Russo e em seguida mergulhei pela segunda vez nas maravilhas e fantasiosas
histórias da família Buendia, em Cem Anos
de Solidão. O impacto desse inicio de ano avassalador foi tamanho lendo em
seguida meu primeiro Caio Fernando Abreu, Morangos
Mofados, e depois O Templo do
Pavilhão Dourado, mergulhando na delicada e sempre imaginativa literatura
japonesa. Com um início de ano tão avassalador no que tange a leituras, lendo
livros tão “carregados”, resolvi, então, nas semanas seguintes, ler algo mais
ameno, por assim dizer, e peguei meio que por um acaso os livros A Chave de Sarah e O Tempo Entre Costuras, que me impressionaram enormemente, pois fui
ler esses livros “com a guarda baixa”, sabendo, de antemão, pois já me haviam
sido muito bem recomendados, que eram bons livros, mas não me disseram que eram
tão bons.
Pois bem, movido por tão boas
leituras logo de cara, nos dois primeiros meses do ano, fiquei com um
pensamento na cabeça: 2012 promete! E foi um ano que prometeu e cumpriu. Foram no
total 43 livros, sendo destes, 2 releituras, Cem Anos de Solidão,já citado, e Vidas Secas. E quando li este livro vi o quão pouco leio de literatura
nacional e prometi para mim mesmo que iria ler mais autores brasileiros. Dito e
feito: li José Lins do Rêgo (fantástico, como sempre), Ronaldo Correia de Brito,
meu autor brasileiro contemporâneo favorito, meu conterrâneo Leonardo Barros,
além de alguns outros (se eu for citar tudo e todos que eu li, a crônica iria
ficar tão grande que ninguém iria ler!).
2012 foi um ano de leitura de
muitos clássicos, e os russos, como sempre, merecem destaque. Comecei com uma
coletânea de contos e li Tolstoi (óbvio!), Tchekhov e Gogol, e sempre fico,
quando leio esses autores, me lamentando, pois são livros demais para serem
lidos e tempo de menos. Eu costumo dizer, sempre, que quando mais a gente lê,
mais descobre que não leu nada! Mas se a gente ficar se lamentando pelos livros
que não vai conseguir ler, acaba, realmente, é não lendo nada...
Eu li, além dos russos, Kafka
(meu primeiro Kafka, A Metamorfose),
que me impressionou muitíssimo, Frankenstein,
de Mary Shelley, e A Lenda do Cavaleiro
Sem Cabeça, clássicos da literatura do gênero que me faltavam após ter
lido, em anos anteriores, Drácula e O Médico e o Monstro, além de histórias
de H.P.Lovecraft. Li também meu primeiro Eça de Queiroz e li vários autores que
podem ser colocados no hall dos “clássicos
modernos”: Vargas Llosa, com o A Festa do
Bode, que, de cara, passou a ocupar o posto do melhor livro que já li dele,
Philip Roth, com o emocionante e fortíssimo Patrimônio,
para mim o melhor escritor norte-americano da atualidade, Mário Benedetti,
e a que embora não seja das mais bem-vistas escritoras pela academia, talvez
por ser muito popular (para não dizer Best-Seller), Isabel Allende, com o
magnífico A Casa dos Espíritos. Além
desses, li também o fantasioso e maravilhoso Peter Pan, em sua versão original, e o magnífico e enigmático Jorge
Luis Borges.
Dos chamados Best-Sellers, esse
ano senti-me numa “saia justa” para listar os melhores, pois li obras
simplesmente espantosas. Talvez o que mais me impressionou, por tudo, tenha
sido Os Olhos Amarelos dos Crocodilos,
um dos melhores livros de literatura contemporânea que li nos últimos anos,
seguido, de muito perto, segundo meus critérios de avaliação que nem eu mesmo
sei definir e listar quais são, por O
Pacifista, do sempre sutil e surpreendente John Boyne. Fora esses dois, que
se destacam especialmente na minha lista, devo citar também, pois foram
leituras igualmente marcantes, o A Casa
que amei, de Tatiana de Rosnay, A
Filha Secreta, O Tempo Entre Costuras
(citado anteriormente) e Dez Mulheres,
além do Estive lá Fora, do Ronaldo
Correia de Brito.
Li romances policiais, suspenses,
dramas, romances, romances históricos, contos, crônicas, enfim, 2012 foi um ano
recheado de grandes leituras nos mais variados gêneros, que guardaram muitas gratas
surpresas. E deste gênero, a maior surpresa foi, sem dúvida, o livro Nas entrelinhas do horizonte, do meu ídolo
na música, que está se tornando, também, meu ídolo na literatura, Humberto
Gessinger. Entre os contos, Patricia Highsmith me surpreendeu enormemente com A Casa das Sombras e dentre os romances históricos,
Miguel Sousa Tavares, que fiquei em dúvida sobre qual o melhor, Equador ou Rio das Flores, e devo colocar nesse gênero também os livros de
Tatiana de Rosnay, A Casa que Amei e A Chave de Sarah, magníficos – foram esses
dois autores, junto com Borges e John Boyne, inclusive, os únicos que eu li
dois livros no ano. Do Zafon, um de meus escritores contemporâneos favoritos,
li seu lançamento, Prisioneiro do Céu,
muito bom, sem dúvida, mas um pouco abaixo dos seus livros anteriores, mas “dou
um crédito” ao autor por se tratar esse de um livro “sem início nem fim”, já
que serve de “ponte” entre seus maiores romances A Sombra do vento e O Jogo do
Anjo, lidos em anos anteriores. Dentre os policiais, li e fiquei vidrado do
início ao fim com Harlan Coben, em Não
Conte a Ninguém.
Não tive, felizmente, em 2012,
nenhuma grande decepção nem muito do que reclamar dos livros que tive o prazer
de ler. Talvez um livro ou outro não tenha suprido todas as expectativas, é bem
verdade, mas decepção mesmo, livro que me deixou com aquela sensação de “podia
ter usado meu tempo para ter lido algo melhor”, nenhum. Mas para não dizerem
que eu não citei nenhum, embora sabendo de antemão que irão “pedir minha cabeça”
por isso, posso dizer que esperava algo diferente de Caio Fernando Abreu. Muito
bem escrito, com uma técnica espantosa, sem dúvida, chocante mesmo em muitas
histórias e personagens, mas sua leitura não me pegou como eu esperava, talvez
por conta do mundo que ele retrata, repleto de muito liberalismo sexual, drogas
e loucuras.
Enfim, 2012 foi um ano espantoso no
que tange as leituras, e espero que 2013 seja igualmente magnífico, com grandes
descobertas e surpresas escondidas nas entrelinhas de cada livro lido, de cada
história, de cada trama, de cada personagem.
Fiquei sabendo da existência deste blog hj pela manhã qndo estive na saraiva para comprar livros. Amei! Agora já sei onde buscar indicação de leitura. Poxa, é de uma coisa assim q preciso, pois gosto de comprar livros com indicação de quem gosta de ler boa literatura e sendo escritor, melhor ainda. Sempre q vou a saraiva procuro por vc pois sempre me deu boas sugestões de leitura, mas sinceramente, ñ sabia q és escritor. Foi um prazer conhece-lo. Hj comprei 3, dentre os quais um q vc citou a “chave de Sarah”. Como já escrevi, este blog será meu ponto de partida para comprar a boa literatura.
ResponderExcluirVal,
ResponderExcluirpretendo, nesse ano, retomar no blog as "criticas e sugestões de leitura", pois tenho escrito pouca coisa nesse sentido.
no início, você pode bem ver nas postagens mais antigas, eu escrevia e publicava muitos textos dando dica de leitura, comentando livros que havia lido, mas aos poucos o blog foi tomando outro rumo e eu meio que fui "abandonando" essa área, digamos assim. mas devido a inúmeros pedidos, resolvi, nesse ano, voltar as origens, digamos assim, e postar, pelo menos uma vez por mês, algo sobre algum livro.