As pessoas estranham, me olham com uma cara de que observam
um ser de um outro planeta ou de simplesmente um louco quando digo que, mesmo
morando numa cidade litorânea, que tem belas praias, eu não as frequento. Nunca
gostei de praia, de rio ou mesmo de piscina, pois sempre tive medo de me
afogar, e as pessoas nunca entenderam esse meu medo, já que elas não sabem que
eu nunca aprendi a nadar.
As pessoas estranham quando me olham e veem uma eterna barba
a fazer ou quando percebem que minha barba está malfeita. Eu sempre tive essa
cara, de “barba a fazer”, pois nunca aprendi ou dominei a “arte de fazer barba”.
Sempre me corto, sempre sobram pelos em alguns lugares difíceis da lâmina
chegar. Sempre tive medo de me cortar, já que nunca tive a segurança necessária
para manejar o barbeador e confiar em mim mesmo ao fazer a barba. As pessoas
que me olham e reclamam de minha “eterna barba a fazer” não sabem, no entanto,
que eu tive que aprender a me barbear sozinho, não sabem que meu pai morreu
antes de me ensinar a maneira correta de fazer a barba...
Engraçado, e trágico, como, na vida, as pessoas sempre
estranham algo ou alguma atitude, como sempre estão prontas para apontar o dedo
e criticar, seja porque você, estranho, não gostar de praia, de tomar um banho
de mar, seja porque você não consegue fazer uma barba realmente bem-feita. Estas
pessoas sempre terão algo a dizer como: “mas qualquer criança sabe nadar”, “mas
qualquer adolescente sabe fazer a própria barba”. Não. As pessoas não percebem
que nem toda criança sabe nadar e nem todo adolescente sabe se barbear ou
aprendeu a se barbear sozinho...
Não gostar de praia ou não saber fazer uma barba bem-feita
não constituem pecados. Pecado, sim, é tecer um julgamento errôneo sobre uma
pessoa sem saber o motivo desta não querer entrar no mar ou estar por uma barba
malfeita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário