quinta-feira, 14 de julho de 2011

Quarto

Sabe aquele livro que você o escolhe para ler sem um motivo realmente forte e, quando inicia a leitura, tem a impressão (somente nas primeiras páginas) de que o livro "não vai"? Pois bem, foi isso que aconteceu comigo, quando peguei "Quarto".
"Quarto" era um livro que estava despertando o interesse e arrancando muitos elogios de vários leitores, mas eu não dei grande atenção no início. Para mim, os elogios soavam apenas como "mais elogios dos leitores a apenas mais um best-seller". Quando o furor pelo livro diminuiu, eu o peguei para dar uma olhada, mais com uma certa curiosidade, para saber do que se tratava a história, do que para qualquer outra coisa. Lendo a sinopse, achei interessante, e o coloquei na "lista de futuras leituras" (ou seja, não era prioridade e talvez eu só o lesse depois de muito tempo, quando não tivesse nada "de importante" para ler). li um livro, depois li outro, de vários gêneros, autores, estilos, de uns, eu gostei, de outros, nem tanto, e sempre o "Quarto" ficando pra trás na lista. Mas eis que um dia, eu de certa forma cansado do que vinha, resolvi dar uma oportunidade aquele livro tão comentado.
O início da leitura, confesso, não me causou boa impressão, e cheguei a pensar uma ou duas vezes em abandonar o livro para talvez nunca mais o pegar. Eu estava propenso, óbvio, a fazer as correções à medida que ia lendo, pois não entendia, digamos assim, aquela tão peculiar narrativa, em que um menino de 5 anos conta a história. Via as inversões que ele fazia, a junção das palavras, os erros (característicos de sua idade) que cometia, o que, em minha ignorância, eu não estava compreendendo. Mas fui me deixando levar pela história e fui, pouco a pouco (ou, melhor dizendo, de um supetão só) sendo tragado por aquela história, fui vivendo, junto com Jack e sua mãe, aquele drama, fui me sentindo preso naquele gigantesco e tão pequeno mundo restrito a um quarto com a porta fechada, tão longe do vasto mundo.
"Quarto" dá uma impressão errada ao leitor, que é levado a crer que, pela narrativa tão despretensiosa, pela linguagem tão "limitada", se trata de mais uma história leve e simples, mas, amigo leitor, não se engane. Trata-se de um forte drama, de um livro carregado de uma forte carga emocional e de uma atmosfera densa.
À medida que fui lendo, fui me sentindo preso naquele quarto, me escondendo dentro de um guarda-roupa escuro, a ponto de, em meu desespero, desejar me libertar e descobrir o mundo que havia além daquelas quatro paredes, e quando surge a oportunidade de fuga em que o pequeno e inocente Jack tem que tomar coragem, mesmo estando tão assustado, me vejo devorando as páginas, torcendo pelo inocente menino nos seus primeiros passos no mundo do Lá Fora.
Mas a fuga, o primeiro passo, foi, talvez, o mais fácil, pois o mundo Lá Fora, para Jack, era muito diferente de qualquer coisa que ele pudesse imaginar, a ponto dele sentir certa saudade de seu pequeno quarto, que era seu vasto mundo. a adaptação não foi fácil. Tudo era novo, tudo era diferente e tudo era tão grande, com tantas pessoas, tantas luzes, tantos barulhos.
"Quarto" é um livro que nos faz, por vezes, rir com a inocência e ingenuidade do menino de cinco anos, e também sentirmos raiva do temperamento explosivo e "pouco compreensivo", "excessivamente superprotetor" da mãe de Jack. Mas rir da ingenuidade de um menino que acaba de conhecer o mundo e do temperamento de uma mulher que ficou encarcerada por tanto tempo é cruel e desumano, e por isso tão humano de nossa parte, leitores e tão humanos.
Uma obra marcante, que faz jus a todos os elogios recebidos, e ouso dizer que "Quarto" se tornará, em breve, uma das maiores referência literárias do gênero. Um best-seller de grande valor literário, com uma mescla de profunda sensibilidade e inocência, com um forte drama e uma atmosfera densa e pesada, num ambiente tão vasto quanto e amplo quanto um quarto e tão pequeno e limitado quanto o mundo.

4 comentários:

  1. quando falo de um livro, eu não sei ser imparcial. eu sou um completo apaixonado por literatura e quando encontro uma obra como "Quarto", não consigo me destituir de paixão ao falar dela, por isso a resenha / crítica / sugestão de leitura foi escrita assim, de forma tão intensa, no calor de uma paixão.

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  2. Lima, vou ler este livro!
    Agora decidi.

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  3. lhe convenci foi? rsrs
    vale, e muito, a pena a leitura de "Quarto". eu assino embaixo... rsrs

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  4. Leia Identidade Roubada, se você gostou do Quarto vai adorar o que indiquei. Trata também de um maniaco que sequestra uma jovem e fica com ela durante 01 ano. Como a estória é narrada por adulto, os detalhes são bem marcantes, vale muito a pena ler, o final é surpreendente.
    beijos

    estou te seguindo, visite meu blog: voudelivro.blogspot.com

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