Há alguns autores e livros, que quando o lemos pela primeira
vez, a primeira coisa que nos passa na cabeça, quando fechamos o livro, quando
finalizamos a leitura é: quero ler, imediatamente, outro livro desse autor. Com
María Dueñas isso aconteceu não só comigo, mas com certeza, com todos aqueles
que se deliciaram, se envolveram e devoraram da primeira à última página do seu
livro O Tempo Entre Costuras. No entanto,
quando fechamos esse livro, surgiu um “ponto negativo”: a autora só havia
lançado, no Brasil, esse livro. Senti-me, ao constatar isso (e tenho absoluta
certeza de que todos os que leram o livro também se sentiram dessa maneira)
frustrado, pois a necessidade e o desejo de mergulhar novamente nas histórias
da maravilhosa escritora espanhola. Nós, leitores de Dueñas, sentimo-nos “órfãos
de um livro só”, e passamos um longo tempo na expectativa, verdadeiramente
sonhando com um novo livro da autora, que não fazíamos ideia de quando viria a
ser lançado no Brasil.
O tempo
passou, mas o que não diminuiu foi a vontade de ler uma outra história escrita
pela autora de O Tempo entre costuras,
e quando começaram a surgir os primeiros rumores de que sua editora, aqui no
Brasil, estava preparando o lançamento de seu segundo livro, nós, seus ávidos e
sedentos leitores, passamos a contar os minutos para o dia em que seu livro
estaria a nossa disposição, nas estantes das livrarias, para podermos, enfim,
mergulhar em suas palavras, viver e fazer viver seus personagens. Mas o
lançamento demorou, e quando mais demorava, mais nós ficávamos na expectativa,
mais ansiosos ficávamos, já imaginando, de antemão, o que nos aguardava.
Finalmente,
o lançamento se confirmou. Já tínhamos o título, já sabíamos, em parte, do que
se tratava a história, mas era pouco para quem esperava com tamanha ânsia por
tal livro, e não queríamos apenas saber algo sobre o livro, queríamos tê-lo o
quanto antes em nossa mão e devorá-lo, tal como o fizemos com o primeiro livro
(publicado no Brasil) da autora. Vimos a capa, belíssima, simples e que dizia
tanta coisa, e cada detalhe novo era, para nós, um motivo para aguçar a nossa
curiosidade, para aumentar a nossa necessidade de ter o livro em mãos.
O livro
demorou muito para ser lançado (queríamos tê-lo lido logo após o fechamento de O tempo entre costuras), mas tudo foi
esquecido, perdoado, quando o pudemos, finalmente, vê-lo (tê-lo) nas livrarias.
Lê-lo (devorá-lo) era uma verdadeira necessidade fisiológica que tínhamos.
A Melhor História está por vir não decepciona em nenhum momento, e
fez valer a pena a angústia da espera pelo seu lançamento, muito embora não tenha
o ritmo tão alucinado quando o primeiro livro da autora, no entanto, possui
personagens tão bem construídos e cativantes que compensam (e superam, talvez)
quando comparamos (inevitável fazer isso!) os dois livros da autora.
Blanca Perea é uma professora
universitária de meia-idade, que recebe um tremendo baque quando um furacão
varre a tranquilidade e paz de sua vida: seu marido, com quem vivia um
casamento de mais de vinte anos, sai de casa e se envolve com uma outra mulher,
mais jovem. Sem saber o que fazer nem o que pensar, sua única alternativa (ela
assim entende) é se afastar para poder refletir melhor sobre o que passava,
agora, a ser sua vida. Passa a ver possibilidades de ir para uma outra
universidade, em um outro país, para ficar de longe de tudo e de todos, e
resolve aceitar a proposta de ir para os Estados Unidos, mesmo o projeto não
lhe sendo de todo de seu interesse acadêmico, só e unicamente pelo único motivo
de ser o local mais longe para onde poderia ir.
A professora Perea se depara com
um projeto de organizar para resgatar todo o legado de um ex-professor, seu
compatriota, da Universidade de Santa Cecília, Califórnia. Todo esse trabalho
lhe é, de certa forma, indiferente, e ela não demonstra qualquer maior
interesse pessoal ou profissional com tal resgate. Entende, sim, óbvio, tudo o
que o ex-professor, Andrés Fontana deixou para o Departamento, mas apesar de
todas as palavras entusiastas e saudosas por parte de todos os que ali trabalha
e principalmente daqueles que conviveram com o professor, que fora chefe
daquele mesmo departamento tantos anos antes, até a ocasião de sua morte num
acidente trágico, ela mantém-se “emocionalmente distante” do trabalho.
Mas na medida em que vai se
aprofundando no trabalho, Blanca passa a se afeiçoar e a conhecer mais e mais
aquele simples estudante que viera tanto tempo atrás para aquela mesma
universidade e acabara ficando, adotando e sendo adotado por aquela
universidade, vivendo como uma espécie de autoexilado naquele país tão
diferente do seu.
Conhece inúmeros professores e
membros do departamento, entre eles o sedutor Luis Zárate e o engajado nas
hispanidades Daniel Carter, e a medida em que se envolve com esses homens,
novas janelas se abrem naquela pesquisa, no resgate da história e legado do
professor Fontana. Todos, naquele departamento, de uma forma ou de outra,
estão, em maior ou menor grau, envolvidos com Andrés Fontana, e Blanca passa a mergulhar
no mundo de cada uma delas, principalmente no do professor Carter, que fora tão
próximo do antigo chefe daquele Departamento.
A melhor história está por vir é um livro de descobertas, de
resgates e de eternos reinícios, nos mostrando que o melhor momento de nossa
vida, a melhor história que estamos vivendo, é justamente aquela que está por
vir.
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