Raiva e impotência são os dois sentimentos que se misturam
dentro de mim hoje, na condição de brasileiro. Foi-me ensinado desde que eu me
entendo por gente, como se diz popularmente, que no Brasil nada pode dar certo,
nunca deu e nunca dará. Cresci com essa visão cristalizada de meu país, e a medida
que fui tomando consciência, vi que embora muito disso fosse um preconceito,
existia um quê de verdade. Triste constatar tal parcial-verdade quando fui
crescendo, mas percebi que havia, ainda, por mais tênue e fraca que fosse, uma
luz no fim do túnel. Foi quando comecei a adquirir consciência política, foi
quando comecei a me sentir uma célula dentro desse complexo organismo chamado
nação-democracia, e portador de tal consciência me dei conta das
responsabilidades que recaiam sobre meus ombros. Senti todo o peso da nação
sobre meus ombros quando votei pela primeira vez. Queria mudar, fazer valer o
meu direito; queria, acima de tudo, mostrar, calar a boca dos que diziam que “O
Brasil não tinha jeito”.
No dia em
que votei pela primeira vez, acordei cedo, estava ansioso, sai de casa e fiquei
um longo tempo na fila. Mas nunca fiquei tão satisfeito num fila quanto naquele
dia! Estava fazendo o que era o certo, estava votando consciente, pois, naquele
momento, meus candidatos, os em quem votei tão conscientemente, representavam a
mudança não só do país, mas de um preconceito, de uma cultura do não-dar-certo
cristalizada. Eu me sentia, naquele momento, como um alguém, um simples
anônimo, fazendo história. Meus candidatos saíram todos vitoriosos, e com eles
toda a esperança de um país, prova de que o sistema democrático em nosso país havia
mostrado o seu valor, prova de que o povo brasileiro havia, finalmente,
acordado.
O tempo
passou e tudo o que nós, brasileiros, queríamos ver os resultados imediatos,
queríamos que os nossos governantes justificassem a confiança que depositamos
neles. Estávamos ansiosos, afinal de contas, vínhamos esperando por aquele
momento, de mudança, já há um longo tempo. O tempo foi passando lentamente, se
arrastando, e muito pouco estava sendo feito (queríamos que muito estivesse
sendo feito), parecia até que mudança alguma estava em curso.
A eleição
seguinte veio e reelegemos os mesmos candidatos, afinal de contas, 4 anos é um
tempo muito curto para que uma mudança tão grande fosse feita. Passou-se o
tempo e as mudanças aconteceram, aconteceram algumas melhorias, é bem verdade,
mas não aconteceu praticamente nada daquilo que nós, esperançosos, esperávamos.
Na verdade, em alguns aspectos, tinha-se até a impressão de que o governo e a
forma de se fazer política era o mesma de tantos anos antes, se bem que falar “fazer
política” era um elogio, já que de política nenhum daqueles que estavam no
poder não faziam, mas sim politicagem, algo que já está cristalizado na cultura
política de nosso país desde tempos imemoriais.
O tempo
passa, ele nunca deixou de passar, e eis que estávamos à porta de uma nova
eleição, e percebemos que a mudança, do jeito que necessitávamos, não viria. Tínhamos,
naquela eleição, não muitas opções, e votamos não naquele candidato que
queríamos, que achávamos o melhor, mas sim não votamos naquele que não
queríamos, votando naquele menos ruim.
O tempo vai
continuar a passar, e de uma coisa eu tenho certeza: o Brasil e sua politicagem
vai continuar sendo como é pelos próximos anos, não porque somos um país sem
jeito, mas , mas porque, em se tratando de política, o Brasil é o país da
politicagem.
Mas apesar
de todos os pesares, o Brasil tem jeito, sim, enquanto houver um alguém que,
como eu, sinta raiva e nojo dessa política e dos políticos que aí estão, que se
sinta indignado ao se ver tão impotente, ao poder tão pouco.
Não podemos,
nunca, deixar nos desanimar, apesar de tudo convergir para isso, de ser esse o “caminho
natural das coisas”, deixar de ter esperanças, pois quando não há mais qualquer
tipo de esperança, não há mais nada.
O Brasil, apesar
da ideia cristalizada, que querem que a gente “compre”, não é um país de todo
sem jeito, sem jeito mesmo são os políticos que aí estão, e que vão perdurar
ainda (infelizmente) por alguns anos, com suas politicagens, e só quem pode dar
um jeito nisso tudo somos nós, Brasileiros, somos nós, os que ainda sentem
raiva e se sentem impotentes diante de todo o cenário que se descortina perante
nossos olhos.
Tem horas que concordo mesmo com você!!!
ResponderExcluirAbraço do Pedra
O BRASIL SÓ TERÁ JEITO, NO DIA QUE O PRESIDENTE DO PAIS FOR O PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS.DAI SIM VAMOS VER UM PAIS DESENVOLVIDO E DE 1° MUNDO.
ResponderExcluir