Tudo o que eu queria era esquecer. Simplesmente fechar os
olhos e esquecer. Voltar atrás e fazer diferente, para que nada jamais tivesse
acontecido, para que aquele dia não tivesse passado do que foi: somente um dia.
Mas não. Aquele dia tinha que ser para sempre, pois assim nós o quisemos, pois
assim nós o fizemos. Esquecemos que o para
sempre às vezes é só um momento, só um dia; e às vezes o momento, o dia,
pode ser eterno, e aquele nosso amor eterno de um dia se esgotou, se esvaiu por
entre nossos dedos sem que o percebêssemos, pois quisemos prendê-lo, quisemos
fazer dele eterno, e o eterno, naquele caso, era o momento, não mais que um
momento...
Se tivesse
sido um momento, apenas, mas eterno, a imagem que ficaria para mim seria a de
você vindo em minha direção, sorrindo – seu sorriso era tão lindo e radiante
como a primavera de uma vida. Mas quisemos estender o momento, o dia, para
fazê-lo durar para sempre, esquecendo que a vida não é para sempre, e a imagem
que tenho, que guardo na memória, é a de você indo embora, me deixando aqui, a
sós, tendo perdido o eterno que foi o nosso amor naquele instante, daquele dia.
Não quero,
no entanto, que volte atrás depois de eu ter visto as suas costas quando você partiu.
Quero, no entanto, que me perdoe, não pelas ásperas palavras ditas, pois não
podemos voltar atrás depois que as dizemos, simplesmente me perdoe, por favor,
em nome daquilo que vivemos, do eterno amor de um dia que, em nosso egoísmo, o
perdemos no inclemente dia a dia. Quero, também, que você saiba que eu te
perdoo por inteiro, pois o erro não foi seu,
mas sim nosso.
Eu queria
poder voltar no tempo e viver novamente aquele momento, somente aquele momento; sentir novamente o gosto
de seu beijo e o calor de seu corpo e viver para sempre com aquele momento
eterno na memória. Mas quando fecho os olhos e vejo que o nosso para sempre se tornou em um quase nada sem sentido algum, as
lembranças me castigam e desejo que nada daquilo, nem o eterno do dia nem o para sempre
do depois jamais tivesse acontecido.
Eu queria poder viver e
esquecer. Viver sempre que quisesse sorrir, e esquecer quando a dor me batesse
no peito e me fizesse chorar à noite quando me lembro de suas costas quando
você partiu, a última coisa que vi, e que ficou para na memória.
"Não quero, no entanto, que volte atrás depois de eu ter visto as suas costas quando você partiu." - Lindo, como sempre.
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