Homens e mulheres,
definitivamente, não foram feitos para realizarem determinadas tarefas juntos. Impossível
ir juntos a um estádio, assistir a um grande jogo de futebol; difícil chegarem
a um consenso quanto a quem deve ficar de posse do controle remoto da
televisão; inimaginável fazerem compras num shopping juntos; mas, talvez, a
tarefa mais difícil para realizarem juntos seja ir ao supermercado para fazerem
as compras do mês. É sério (na verdade é seriíssimo!). É algo impossível,
difícil, verdadeiramente inimaginável um homem e uma mulher irem fazer compras
sem discutirem pelo menos uma vez, sem voltarem para casa um “emburrado” com o
outro.
A
primeira discussão acontece antes mesmo de chegarem ao supermercado, quando, no
carro, discutem sobre o melhor lugar para estacionar. Homem é sempre mais
prático, e está propenso a estacionar até em local proibido, ou na primeira
vaga que surgir, nem que esta seja tão estreita que mal dê para abrir a porta;
mulher, por outro lado, prefere um local mais próximo da entrada, para não ter
que andar muito (e para não correr o risco de “perder o carro” quando sair do
supermercado), se possível à sombra. Quando, por fim, chegam a um “consenso”
(que na verdade, significa “um dos dois cedeu”), se dirigem para pegar um
carrinho. A mulher quer um novinho, que não tenha nenhum defeito, que as
rodinhas girem nos eixos, etc, etc e etc, enquanto o homem pega o primeiro que
vê (nem que este já “tenha dono”). Em seguida vem a única coisa em que não
precisam discutir: quem vai empurrar o carrinho – o homem.
Dentro
do supermercado o homem é o ser prático da história, e quer se dirigir direto para
pegar cada item que precisa, que está na suposta lista que supostamente a
mulher fez ao sair de casa, e que, ninguém sabe por que (acredito que é algo
que nem Freud explica), ela nunca encontra dentro da bolsa; a mulher, por seu lado,
prefere passar por todos os corredores, visitar todas as seções (até a de
comida de animais, embora o casal não tenha animal nenhum em casa), ver tudo
que está em promoção. O homem quer poupar tempo, enquanto a mulher disse que
não tem mesmo o que fazer em casa, e a solução é ela enganá-lo, e ir ela
empurrando o carrinho, enquanto ele, impaciente, segue atrás, já com cara de
poucos amigos.
As
compras seguem tranquilas, até que começam a colocar as compras no carrinho. Homem,
sempre prático, coloca sabão em pó ao lado da carne, que fica em cima dos pães,
tendo a sua direita o feijão, a esquerda os biscoitos e estando sobre os ovos;
a mulher, ao ver essa “desorganização”, corre para ajeitar tudo, deixando tudo
organizando tal qual as seções do supermercado. Ela briga, reclama e começa a
organizar tudo.
-
Onde já se viu colocar a água sanitária ao lado do leite em pó e o frango
congelado ao lado dos meus absorventes? – resmunga ela.
-
Não vejo motivo para toda essa organização se vamos passar tão pouco tempo
nesse supermercado – fala ele.
Discussão que segue enquanto ele empurra o
carrinho (ele nem se lembra mais quando voltou a empurrar o carrinho), seguindo
de seção em seção.
Homem
pega a primeira coisa que está ao alcance de suas mãos, sem atentar para o
preço, qualidade, prazo de validade, enquanto a mulher, ao ver isso, corre, faz
um escândalo, e o repreende. Explica que tem que, para algumas coisas, ele deve
atentar para o preço e comprar o mais barato, enquanto para outros é preciso se
olhar para o prazo de validade, e outros pode comprar o mais caro mesmo... Como
um homem pode atentar para tanta coisa confusa ao mesmo tempo?!
Os
dois ainda discutem, muito, por todos os cantos por que passam no supermercado.
Ele quer colocar cerveja, ela não deixa; ele quer produtos industrializados,
ela prefere frutas; ele quer carne para churrasco, ela quer para bife; ele quer
queijo mussarela e presunto suíno, ela prefere queijo prato e presunto de peru;
ele quer pão de forma comum, ela exige o integral; ele, refresco em pó, ela
polpa de fruta. E seguem nessa incansável discussão até que, finalmente, quando
se dão conta, estão, já, na fila do caixa. Nesse momento, não há discussão
alguma: é o homem que puxa o cartão de crédito e paga as compras. Pelo menos em
uma coisa, no supermercado, homens e mulheres têm que se entender, para poderem
ir para casa em paz com relação a pelo menos uma coisa naquele dia.
E
tudo caminha em paz, pelo menos até o mês seguinte, onde, por mais que um tenha
falado que não iria mais ao supermercado com o outro ao longo de todo o mês, percebem
que a geladeira está vazia, não há mais nada nos armário, e têm que ir ao
supermercado, para fazerem as compras do mês...