quinta-feira, 9 de julho de 2009

O Físico - Livro da Semana


Muito mais do que a história de um médico na Europa Medieval, O Físico é a história, uma epopéia de uma pessoa, de um homem, em busca de um sonho, procurando compreender e aperfeiçoar o seu dom, em busca do conhecimento necessário para curar as pessoas.
A história se inicia na Inglaterra em pleno início do século XI, um período turbulento naquele país, tão cheio de conflitos e em que se viver era tão difícil, e o menino Rob, mesmo ainda tão novo, mal tinha completado nove anos, já sabia disso. Seu pai, um carpinteiro, não conseguia encontrar um trabalho com que pudesse sustentar a família. Sua mãe, uma bondosa mulher, era quem cuidava, muitas vezes, do sustento da família, com o fruto de seu trabalho de bordados, mesmo estando em estado de gravidez tão adiantado. O menino, Rob, era que cuidava dos irmãos quando seus pais estavam fora, ou seja, na maior parte do tempo. Era um menino sério, amadurecido precocemente, e justamente numa tarde, quando cuidava de seus irmãos menores para sua mãe ir entregar seu trabalho, que uma mulher veio transmitir-lhe um recado: que sua mãe estava muito mal, que estava dando a luz, que ele fosse avisar imediatamente a seu pai. Rob J., então, tomado pelo desespero, deixou seus irmãos menores, e foi imediatamente à procura do pai, na cooperativa dos carpinteiros, mas não o encontrou lá. Deixou o recado com o chefe da cooperativa, e correu em auxilio à mãe. A encontrou em péssimo estado, já tendo dado a luz a um menino. O pai chegou logo em seguida e trataram de levá-la para casa, onde poderia ser melhor cuidada. O menino, em momento algum deixou a mãe de lado, durante todo o período de convalescença, mas sentiu algo estranho, como nunca havia sentido antes, ao tocar sua mão. Ele sentia que a energia vital da mulher estava se esgotando. Assustado, ele largou sua mão.
Na manhã seguinte, a mulher não acordou. O menino, então, passou a ter mais responsabilidades ainda, e seu pai, abatido, após meses, finalmente conseguiu um trabalho com que poderia sustentar as crianças. Mas o homem, após tanto tempo sofrendo com um trabalho duro, acabou sofrendo um grave acidente, e ao chegar em casa, sendo trazido pelos companheiros da cooperativa, que o menino tocou sua mão, sentiu a mesma coisa que havia sentido ao tocar a mão de sua mãe, e soube que seu pai não resistiria aos ferimentos.
Rob J., após a morte de seu pai, viu seus irmãos sendo levados, um a um, para serem criados por membros da cooperativa onde seu pai havia trabalhado ou por pessoas próximas, até que ficou apenas ele, o mais velho. Temeu pelo seu futuro, imaginando-se não ser levado por ninguém e tendo que se submeter a coisas que ele tremia só de pensar. Até que um homem, um cirurgião-barbeiro, o convidou para ser seu assistente e aprendiz, ao que o menino aceitou.
Os dois, então, puseram-se a caminho por todos os recantos da Inglaterra, oferecendo espetáculos de distração, em seguida o homem, Barber, fazia atendimentos numa tenda armada.
O menino foi aprendendo pouco a pouco o ofício de cirurgião-barbeiro e o homem aprendeu a respeitá-lo, a escutar quando Rob lhe falou de seu dom, ao que ele chamava de maldição.
Rob J. crescia e aprendia, a ponto de pouco a pouco começar superar seu mestre.
Mas algo o angustiava: ele queria saber mais, ele queria poder curar as pessoas, e o encontro, breve, que teve com um médico judeu, mudou para sempre a sua vida, quando ele ouviu falar de uma “escola de médicos”, que ficava num lugar distante, que ele nunca tinha ouvido falar, chamado Pérsia.
Após a morte de Barber, ao que Rob sentiu muito, pois o tinha como muito mais do que um professor, mas sim um verdadeiro pai e amigo, o jovem cirurgião-barbeiro sai em busca do conhecimento, e descobre que seu caminho não será fácil, que não será aceito na escola de medicina muçulmana, uma vez que ele era cristão, e lá até mesmo os judeus eram raros.
Sem saber o que fazer, põe-se a meditar, e encontra uma solução: fazer uma falsa conversão ao judaísmo e tentar entrar na famosa escola de medicina.
Inicia-se, então, a jornada do homem, enfrentando toda uma série de dificuldades, atravessando toda a Europa, rumo a Pérsia, rumo ao conhecimento, à arte de curar pessoas.
Em sua jornada, ele conhece muitas pessoas, um grupo de judeus, e com eles aprende um pouco de sua cultura, de seus valores, assim como a língua falada na Pérsia.
Uma rica história, contada com maestria, O Físico nos transporta para um outro mundo: um mundo de rara beleza, de uma cultura belíssima, milenar, que nos é tão diferente, durante o período em que dura o seu aprendizado.
Rob J. encontra, na Pérsia, muito mais do que imaginava: encontra amizades, preconceitos e de inúmeras adversidades e perigos.

Um comentário:

  1. Este livro é um espetáculo Arlindo. Comecei na verdade lendo Xamã, continuação que se passa nos EUA do século XIX, mostrando os decendentes do protagonista dessa história. Apesar de ser um bestseller bem folhetinesco, o estilo cru e detalhista deste autor me agradou deveras.

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