Estou indignado. Sou brasileiro,
pago em dia meus impostos, cumpro com todas as minha obrigações eleitorais,
voto, respeito as leis de trânsito, no entanto, por mais datas comemorativas
que exista ao longo de todo o ano, não há uma sequer em que eu me enquadre.
Sendo assim, estou sendo verdadeiramente excluído, pelo simples fato de não
possuir um único dia do ano em que eu possa dizer: é meu dia!, no qual eu possa receber presentes, visitas, as pessoas
me parabenizarem, etc.
As
mulheres têm seu dia, os pais e mães também, as crianças nem se fala, e existe
também outras tantas datas comemorativas, como as inúmeras datas destinadas aos
“padroeiros” de nossos municípios, estados e do próprio país! Além disso, ainda
há a grande festa da democracia. No entanto, em nenhuma dessas “datas
comemorativas” eu me enquadre. Não possuo, digamos assim, um único feriadão ao
longo de todo o ano. Não há um único domingo para sair para comemorar o meu dia, e isso é inadmissível. Eu não
sou mulher (óbvio), por isso não posso comemorar o dia da mulher e, portanto, não posso aproveitar as liquidações nas
lojas, pois não há um único produto para mim. Também não sou pai, muito menos
mãe (se bem que sou pai e mãe de meus livros, o que não vem ao caso para o que estou propondo discutir
aqui). Criança eu já deixei de ser há tempos, embora ainda goste de me deitar e
dormir na cama de minha mãe sempre que ela não está em casa. Sou um completo
desiludido quanto à política e não sou apadrinhado a nenhuma santidade.
Isso
é um supra-sumo da injustiça: ao longo de todo um ano (365 dias, e às vezes
366!), não há um único dia “destinado a mim” (aniversário não conta, óbvio).
Não
gosto do natal, do “espírito natalino” e de todo o “simbolismo cristão” (que
muitas vezes é pagão e nem nos damos conta disso), do espírito de solidariedade
e consumismo dessa época. Carnaval? Do carnaval eu até gosto, da paz, do
sossego em que fico durante os quatro dias em que as pessoas saem para
comemorar e eu fico sozinho em casa, mas eu
comemorar, não.
Por
essas e outras resolvi, definitivamente, encontrar alguma data na qual eu me
enquadre, para ter ao menos um dia no ano para
mim.
Foi
uma árdua e difícil tarefa, essa de encontrar meu dia. analisei cuidadosamente todas as “datas festivas” ao longo
do ano, estudei o que as pessoas gostam de dar de presente, e cheguei a
conclusão de que a páscoa é a melhor época do ano, por isso, hoje, instituo a
páscoa como meu dia. Irei comemorar,
de agora em diante, a páscoa todos os anos, viver a expectativa, curtir o dia
(vou tirar folga nos domingos de páscoa!). Não comemorarei a data pelos motivos
cristãos, da Semana Santa, com todo o seu simbolismo. O simbolismo que levarei
em conta é a da morte do coelhinho da páscoa e de sua ressurreição em forma de
ovo de chocolate.
A
partir desse ano, será a páscoa uma data para ser comemorada, regada a muito
chocolate.
Portanto,
querendo-se me presentear com chocolate, nessa páscoa que se aproxima, fique a
vontade, afinal de contos, a páscoa só acontece uma vez por ano, e só temos a
oportunidade de presentear (sem culpa) com chocolate nessa época.
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