Eu
sou o tipo de pessoa que gosta de conversar sobre tudo, desde que meu
interlocutor seja uma pessoa aberta a ouvir e a falar, que seja uma pessoa
inteligente, pois acredito que não existe nada mais estimulante, que mais
enriqueça nosso intelecto do que uma boa conversa. Podem me chamar para
conversar sobre história antiga, medieval, contemporânea ou sobre futebol;
podem me chamar para falar sobre política, religião, filosofia ou sobre “a
febre de memes”; podem me chamar para falar e ouvir sobre o que quer que seja,
que eu vou, e um dos tema que mais me fascina, que mais me deixa empolgado,
atualmente, é a tal da política. Adoro conversar com pessoas de ponto de vista antagônico
ao meu, pois assim, acredito eu, tenho mais oportunidade de “conhecer o outro
lado”, de enriquecer meu conhecimento sobre o assunto. Em um diálogo sobre política
eu fico empolgado, querendo falar, expor minha opinião, mas quero, mais ainda,
absorver tudo que a outra pessoa tem a falar. No entanto, toda aquela energia,
quando o diálogo cessa, vai embora, eu fico muito mal. Sinto como se estivesse completamente
exaurido de esperanças, pois, quando meu interlocutor vai embora, que olho ao
redor, vejo a minha cidade, o meu município, o meu país tal como ele está, tal
como ele é, e não mais como deveria, de fato, ser.
Na semana passada, num desses
estimulantes diálogos (dessa vez via Messenger do facebook) com um aluno me que
fazia perguntas, querendo saber minha opinião sobre política e alguns assuntos
relacionados a ela, ele me fez um questionamento que me fez ficar em silêncio
por alguns minutos, verdadeiramente desconcertado, pois não soube o que
responder de bate-pronto. “Lima, o Brasil tem salvação?”, ele perguntou. Quando
eu li aquela pergunta, eu abaixei a cabeça, fechei os olhos e respirei fundo. Ao
abrir os olhos e, ao reler a pergunta no chat, fiquei em silêncio, sem saber o
que responder ao jovem tão sedento de esperanças. Eu respondi a essa pergunta
como sempre respondo a questões desse tipo, sobre a esperança de nosso país,
sobre o futuro de nossa nação: sou um otimista nato e acredito que, por mais
que estejamos vivendo tempos nebulosos e tenebrosos, mais cedo ou mais tarde a
maré irá virar e uma florzinha de primavera irá surgir e uma nova estação,
dessa vez menos outonal, irá aparecer diante de nossos olhos e alegrar nossos
dias.
Falar em política, ao mesmo tempo em
que me empolga, que me excita, me exaure e tira, momentaneamente, a minha esperança.
Falar em política, após o calor de uma discussão, deixa, em mim, uma sensação
de frio provocado pelo temor do que possa vir pela frente, pela sensação de
desesperança.
Acho extraordinário o fato de, hoje,
em nosso país, estarmos falando tanto em política, de vermos tantas pessoas de
todas as idades e condições sociais e econômicas se interessando pelo assunto,
e vejo como positivo, em muitos aspectos, esse momento que estamos vivendo. Estamos,
todos nós, brasileiros, aprendendo muito, estamos começando a entender o que é
o tal do “jogo político”, estamos começando a ver que errado não é A nem B, não
é X nem Y, mas todos, pois, no jogo político, todo o nosso sistema está
corrompido, e somente com uma mudança séria, tocada por pessoas sérias e
comprometidas, é que conseguiremos chegar ao cerne da questão e realizar uma
mudança profunda no sistema, e somente assim poderemos voltar a ter esperança
no futuro de nosso país.
Acredito que novos tempos hão de
advir, mas acho que só serão realmente sentido mais a frente, e o tempo que
essa mudança vai de fato se iniciar tem em 2018, ano de eleição, um marco. Acredito
que 2018 será um ano chave na história de nossa democracia (não que seja o momento
derradeiro, não que seja a última esperança, mas que é um momento chave, isso
ninguém pode negar), uma vez que, a depender do vencedor, teremos um
direcionamento do que pode vir a acontecer conosco quanto nação no que tange a
questões políticas, econômicas e, principalmente, sociais; é 18 um ano em que
as mudanças de que tanto necessitamos, quanto nação, quanto cidadãos, podem ser
de fato tocadas, podem ser aceleradas, ou podem sofrer retrocessos...
Não acredito que a escolha única
e inequívoca deva ser por optarmos por A ou B, X ou Y, mas que devemos, todos
nós, chegarmos a um alguém que represente não a polarização de um lado ou
outro, mas que possa ser um alguém que possa dialogar com ambos e que possa
pacificar os extremos. Mais do que optarmos por direita ou esquerda, devemos
seguir juntos por um mesmo caminho, por uma mesma via, uma vez que todos somos
brasileiros e devemos querer o mesmo grandioso futuro para nosso país; mais do
que optarmos por ostentar a cor Vermelho-Comunista-PêTê ou Amarelo-Pato-FIESP,
devemos escolher uma multicor que represente, e bem, toda a pluralidade que é o
Brasil.
Desde pequenos aprendemos a
admirar a pluralidade de nosso país, o quanto somos diversos e que sabemos
respeitar as nossas diferenças. Então por que, de repente, começamos a ser intolerantes
e a ser inimigos de nós mesmos? Será que, mesmo em nossa pluralidade, nós nunca
respeitamos tanto assim as nossas diferenças e, devido ao clima maniqueísta que
estamos vivendo em nossa política, esse desrespeito, essa intolerância só veio
a acordar, como se estivesse sempre ali, latente, o tempo todo? Então tudo que
admiramos em nós, quanto nação, não passava de balela?!
Vejo o nosso país, ainda, como “o
país do futuro”, mas que, para chegarmos a um futuro realmente digno,
precisamos pensar em nosso presente e, para isso, precisamos, primeiros, em nos
dar as mãos, aprender a nos respeitar a nós mesmos, a parar de polarizar as
discussões e a pensar a história como
um processo em constante construção.
Estamos hoje, sim, com a
autoestima baixa, como que acabados, completa e inteiramente desesperançados,
mas não podemos e não devemos ficar assim por muito tempo. Podemos até ficar de
ressaca por uma manhã ou outra, mas não devemos deixar que essa ressaca se
estenda por muito tempo, pois quanto mais tempo demorarmos, mais vamos demorar
para darmos um jeito no nosso país; quanto mais tempos demorarmos a pensar, a
refletir, a agir, mais vamos demorar a construir o nosso futuro, ficando, se
não o fizermos hoje, presos, para sempre, num presente que flerta com um
passado.