Deixa
eu contar uma história para vocês, amigos, que acompanham este blog:
Era
uma vez um livreiro (que por acaso sou eu), e havia na livraria em que ele
trabalhava um livro (na verdade, como em toda livraria, existia váááááários
livros, mas estou falando de um em específico), no qual tal pessoa mal
reparava. Ele pegou o livro inúmeras vezes, mas nunca com a devida atenção. Olhava,
olhava, e nada. Chegou, certa vez, a ler a sinopse do livro, e ficou com aquela
impressão de que “não vou ler esse livro nunca”, pois “se tratava de uma
história que lhe parecia ruim, meio ‘bobinha’, com um toque de ‘mamão com
açúcar’”.
O
tempo passa (como nunca deixa de passar, nem mesmo nas histórias mais absurdas
ou no nosso simples e corriqueiro dia a dia), e o livro continuava lá, e o
livreiro “nem bola”.
Mas
eis que um dia, uma pessoa chega e faz um comentário sobre tal livro, e o
livreiro a escuta com atenção. Mas ele pensa consigo: “bah, mas uma só pessoa
falar que o livro é bom, não significa necessariamente que ele é!”, e ele deixa
passar, sem ficar mais ou menos curioso para ler tal livro. Sendo que uma outra
pessoa, poucas semanas depois, chegou para ele e falou a mesma coisa, e dessa
vez ele ficou “com o alerta ligado”, mas, mais uma vez, deixou passar.
Recentemente,
tal livreiro, em uma de suas incursões à internet, num site de relacionamento
chamado skoob (se você não conheço, eu o recomendo. Acesse www.skoob.com.br) e,
conversando com uma pessoa, ele, que costuma indicar livros pra todo mundo, mas
que não é muito de “aceitar indicações”, pede que essa pessoa lhe “recomende um
livro”, e a pessoa, sem pensar duas vezes, vai e fala: “leia ‘O Pacto’”. O livro,
então, fica decepcionado, imaginando que ela iria mandar que ele lesse algum
clássico ou coisa que o valha, mas, ao mesmo tempo, fica curioso, porque já era
a terceira vez em um curto espaço de tempo que três diferentes pessoas lhe
recomendavam aquele livro.
Então,
um belo dia, em que o livreiro estava sem nada para ler, começa a passar pela
frente das estantes, e eis que aquele livro “salta” em seus braços,
obrigando-o, assim, a lê-lo... e ele fica verdadeiramente surpreso com o livro,
com o ritmo da leitura, com a história, com os personagens, com a complexidade
dos personagens, enfim, com tudo.
Um
livro que só em ouvi falar eu torcia a boca está me surpreendendo... que bom
que isso acontece! Eu adoro essas “surpresas literárias”! Adoro mesmo, quando
somos “pegos desprevenidos” em nossas leituras, quando não conhecemos tal livro
ou tal autor, quando “menosprezamos” tal obra, e esta acaba nos surpreendendo
enormemente. É muito melhor quando isso acontece do que quando há uma “surpresa
negativa”, quando há um livro super-badalado (existe hífen nesse caso? Enfim...),
de que todo mundo fala, comenta, e que você vai ler e... e... Cadê aquele
livraço de que todo mundo fala?
Enfim,
as surpresas literárias estão aí, escondidas nas prateleiras, naqueles livros
em que ninguém repara, em que ninguém comenta, e que acabam nos surpreendendo
de tal forma que nos vemos desejosos de parar o que estamos fazendo para ir ler
(verdadeiramente devorar) o livro em questão.
E
isso está acontecendo comigo, com a leitura de “O Pacto”, da autora
norte-americana Jodi Picoult.
O Pacto é a história de
duas famílias, os Gold e os Harte. Famílias vizinhas, de pessoas que, embora
completamente diferentes, são como verdadeiros irmãos. A relação é tão próxima
e forte quanto o mais forte laço de
sangue que há entre membros de uma mesma família.
E
não havia nada mais natural do que os filhos desses casais começam a namorar,
pois os pais, desde sempre, esperavam por aquilo.
Os
jovens, Chris e Emily, sentem-se bem na presença um do outro, se completam e se
amam com uma maturidade impressionante, mas acontece algo que ninguém esperava:
numa noite, seus pais são chamados às pressas, a um hospital pois Chris encontra-se
ferido e Emily suicidou-se.
As
famílias, perplexas, não sabem o que aconteceu para que tal ato pudesse
acontecer, e descobrem que havia um “pacto de suicídio” entre os filhos, mas
pacto este muito mal esclarecido por Chris, que passa, agora, de um jovem que
tentou suicídio a um suspeito de homicídio, de ter matado a mulher a quem dizia
tanto amar.
A
história, muito bem construída, apresenta para nós, leitores, personagens
marcantes, humanos, que nos obriga a lê-lo (verdadeiramente devorá-lo), de tão
intenso que é.
Um
livro que nos faz pensar em nossos desejos, sonhos, o que esperamos da vida (e
dos outros), de nossas responsabilidades e na maneira como as transferimos,
inconscientemente, a quem amamos, que,
por vezes, não estão preparadas para recebê-las.
Uma
obra envolvente por si só, com uma bela história de amor, mas que, por trás
dessa história, há um belo drama, uma tocante história de vida.
Apesar de já conhecer o livro, ainda não o li e ele está nos meus desejados há muito tempo. Hummm... mas estou com medo de suas resenhas. Confesso. Em 1 mês, já comprei dois livros que vc indicou. Um comprei, o outro ganhei de presente (mas fui eu que indicou).
ResponderExcluirAdoro tb essas surpresas literárias. Isso aconteceu comigo com o livro KAORI.
Bjjs.