Nem
só de boas leituras vive um leitor, e comigo não é diferente. Tenho tido muita
sorte, nesse ano, de só ter lido, até o momento, bons livros, que envolveram na
leitura do início ao fim, e por isso as minhas “resenhas/críticas” têm sido tão
apaixonadas, por assim dizer. Tive a imensa “sorte” de ler, praticamente,
seguidos, três grandes livros, que me deixaram confuso sem saber responder ao
certo qual deles era o melhor: Uma Esposa
Confiável, O Hotel na Esquina do
Tempo e O Pacto. Mas, como já diz
a sabedoria popular (ou seria ditado? Enfim, não sei...): nem tudo na vida são flores... minha última leitura, que terminei
há pouco, mexeu tanto comigo que resolvi inaugurar, nesse blog, uma “coluna” de
“sugestão de não leitura”. Na verdade, eu até já cheguei, algumas vezes, a
fazer esse tipo de “não-sugestão” (verifique entre as postagens mais antigas e
veja os livros que eu não recomendo).
Bem...
vamos deixar de conversa furada e vamos ao que interessa: minha opinião sobre o
livro:
É
sempre difícil se avaliar e se tecer um comentário quando se trata de uma obra
biográfica, e mais ainda quanto esta é autobiográfica. Normalmente, lemos
livros desse gênero quando conhecemos bem o biografado ou quando ouvimos falar
muito bem do livro.
No
meu caso, com "Léxico Familiar", não foi uma coisa nem outra. Da
Natalia Ginzburg eu não havia lido nada e sabia muito pouca coisa sobre ela e
também, sobre esse livro em específico, eu não possuía referência alguma. Peguei-o
por um acaso, quando estava sem nada para ler. Peguei o livro, olhei na parte
de trás, a fim de obter alguma informação sobre a obra, mas o livro não possuía
nada escrito (nem aqueles famosos comentários feitos por esse ou aquele autor
de renome), assim como não tinha nada escrito nas "orelhas", já que
nem "orelha" o livro possui. Intrigado, abri o livro nas primeiras
páginas, para sentir um pouco a narrativa, ver a forma como a escritora
iniciava a sua história. Achei interessante a escrita, a forma como ela, ao
relatar as primeiras lembranças de sua infância, colocava a sua questão
familiar, mostrando um pai autoritário e preconceituoso, uma família que,
embora nas aparências estava tudo bem, apresentava certas
"desestruturação".
Comecei
a ler o livro com uma enorme expectativa e à medida que ia lendo, percebi o
quão enganado eu fui com aquele "início arrasador". Bem escrito, o
livro é, sem dúvida, mas talvez só venha a ser verdadeiramente interessante
para um alguém que conhece a autora, seja sua vida, seja sua obra. Para um
alguém como eu, leigo em Natalia Ginzburg, a obra adquire proporções de um
livro longo, enfadonho, pouco atrativo, que o leitor reza para que acabe o
quanto antes o capítulo para ir fazer alguma coisa, que não seja continuar
naquela leitura.
Continuei,
aos trancos e barrancos, a leitura, por desejar ver a forma como era explorado
o pano de fundo histórico, ou, pelo menos, ver como terminaria aquela história.
Mas me arrependi, novamente, por ter dado continuidade à leitura. 1º, porque a
parte histórica é mal explorada. Temos uma noção, lógico, do que está
acontecendo com aquela família, vendo as prisões dos parentes, amigos, os
sumiços de um e de outro, a citação ao panorama mundial (e da Itália
principalmente) acerca dos acontecimentos da época, mas, de maneira geral, isso
tudo surge mais a título de citação do que de qualquer outra coisa. 2°... a
história termina sem terminar direito. Tem um fim tão brusco e repentino como
foi o início.
À
medida que o livro ia chegando ao fim, houve uma mescla de grande alívio, por
percebê-lo tão perto do fim, com tormento, pois a história começa a ficar mais
arrastada e longa do que já vinha se mostrando até então.
Amigo
leitor, se você já leu e conhece algo sobre a Natalia Ginzburg, pode até ser
que esse livro venha a ser interessante e mesmo esclarecedor sobre alguns
pontos em sua obra, mas se você, como eu, não tem ou teve qualquer contato
anterior com essa escritora, e que procura a leitura de um livro envolvente e
tocante, fique longe de Léxico Familiar,
pois de envolvente ele não tem nada, e de tocante muito menos.