Vencedor do Prêmio Pulitzer de 1939 e do Nobel de 1963, John Steinbeck, frequentemente esnobado pela crítica e descrito como “sociólogo da literatura” e “documentarista”, tem na miséria que se seguiu à Depressão de 1929 o tema central de sua obra, através da qual expunha as vísceras e mazelas da sociedade norte-americana, nas classes menos favorecidas. Como poucos escritores, Steinbeck se debruça sobre a fragilidade do “sonho americano” e foi duramente criticado em seu país, a ponto de ter um de seus livros, As Vinhas da Ira (1939) banido de várias bibliotecas e escolas públicas.
Notadamente politizada e crítica, a obra de Steinbeck, A Pérola, mostra uma outra faceta do escritor, em que explora muito mais o individuo, seus vícios, sua mente e, acima de tudo, seus sonhos.
A Pérola é a história de um pobre pescador que, ao acordar numa manhã e olhar para o lado sente a tranqüilidade e felicidade por estar ao lado da família, sendo que este sentimento logo é sobrepujado pelo de desespero e ódio quando um escorpião pica seu único filho. Desesperado, o homem vai procurar o auxílio de um médico, que não o ajuda a salvar a criança, alegando motivos torpes.
O homem vai, então, com sua família, composta de sua mulher e filho, ao mar, em busca de algo com possa pagar o médico para cuidar da criança. Encontra, então, algo que vai mudar para sempre não só a sua vida, mas a de todos os que estão próximos a ele: uma pérola, grande, lisa, com uma linda coloração, a mais perfeita do mundo.
Ao encontrar tal preciosidade, o homem, em seu devaneio, sonha com um futuro melhor, digno, que poderá dar ao filho e a esposa; mas seu tesouro atrai também olhares cobiçosos e invejosos de homens que vão tentar, a todo custo, tomar para si aquela dádiva, tão perfeita e bela, como um presente dado pela natureza. Arrebatador e intenso do início ao fim, A Pérola é, sem dúvida, um dos maiores livros da literatura norte-americana, figurando entre as principais parábolas, entre as principais metáforas na literatura do século XX.
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