domingo, 28 de setembro de 2014

Mea culpa

Ninguém mais precisa procurar pelo culpado por tudo, por todas as “desgraças” que estão acontecendo em nosso país: eu sou o culpado.
            Eu sou o grande culpado por toda essa corja de políticos que está aí no poder, pelas pessoas a quem dei o cargo, a quem escolhi para me representar no dia da eleição, por todos esses que ao invés de política se entregaram ao vício e práticas da politicagem. Eu sou o grande culpado, portanto, por toda a desgraça que a política nacional tem causado. Sou o único culpado por escolher pessoas que vão ocupar os cargos para defender os meus interesses, particulares, de minha classe, ao invés de pensar em defender os interesses da nação, de todas as pessoas.
            Sou o único culpado pela inatividade, pela passividade perante tudo que acontece. Poderia e deveria lutar mais, ter feito mais barulho, me fazer entender, gritar mesmo, mas, ao invés disso, preferi/ optei, pelo conforto e a paz de meu lar, e fingir que tudo que está acontecendo não me diz respeito. Se estoura mais um escândalo de corrupção, finjo indignação quando estou com amigos e até sinto certa ojeriza ao meu país quando assisto a um noticiário ou leio notícias dessa ordem num jornal qualquer, mas é um sentimento de repulsa passageiro, e logo estou agindo como se tudo aquilo não fosse comigo. Vejo noticia após notícia em telejornais, de escândalos após escândalos de corrupção, de mil e uma CPIs, das práticas políticas (ou, melhor dizendo, das politicagens) tão comuns, e a única coisa que penso é “mais uma” e “não vai acontecer nada de mais com nenhum dos envolvidos”, e pronto. Minha única ação é desligar a televisão ou mudar de canal, ou fechar a revista ou o jornal.
            Sou eu quem coloca os Renans Calheiros, os Bossonaros, os Dirceus, os Jenuinos e os Felicianos da vida onde eles estão, sou eu quem lhes dá amplos poderes.
            Sou eu o responsável por tantas leis defasadas, pela justiça injusta, por deixar que tanta coisa aconteça tanto “a torto e a direito”, só e unicamente por que “não estou nem aí”, porque não me preocupo, porque não fiscalizo. Sou eu aquele que não mais se choca com as injustiças...
            E eu sou culpado não só por isso, pelo que está acontecendo com o país; sou o verdadeiro e único culpado, também, por todas e tantas as miudezas que causam mal a tanta gente e as quais ninguém se dá conta.
            Sou o culpado pela televisão que temos, pelos BBBs de número intergaláctico que ainda estão por vir, só e unicamente por que eu lhes dou audiência, apesar de reclamar, reclamar e reclamar. Tais reclamações, confesso, são da boca pra fora, apenas. Quando estou só, em casa, quando ninguém mais vê, ligo a TV e coloco no canal a que tanto critico, acreditando que só nele eu vou estar bem informado, acreditando que ele é o detentor da única e universal verdade, que ele é o imparcial, que retrata os fatos tal como eles são, que ele só mostra o que me imprescindível, e se não é noticiado algo de que todos falam, algo que é importante, significa que é importante para um alguém, que não é importante para mim e não me diz respeito.
            Sou o culpado pela sujeira na rua, no bairro e na cidade, pois sou eu quem não joga o lixo no lixo, quem joga o papel quando ninguém está olhando na lixeira, quem joga o lixo pela janela do carro no meio da rua. E ainda tenho o descaramento de reclamar, para todo mundo ouvir, da sujeira!
            Sou eu quem não fiscaliza, quem “deixa pra lá”, que digo que aquilo não me diz importância, embora saiba, em meu íntimo, que aquilo, sim, é de meu interesse, que se eu ‘deixar pra lá” agora, depois não vou estar aqui, e o problema já não irá mais me afetar, já não mais “me dirá respeito”.
            Sou eu o grande e único responsável por toda essa baixeza que vemos na televisão e ouvimos nas rádios, pois sou eu quem lhes dá a audiência.
            Sou eu aquele que se julga “o puro”, “o incorruptível”, “o de consciência limpa”, sendo o primeiro a tentar proveito de algo, a oferecer “um trocado” para um guarda de trânsito para que ele não me multe, sou o que fura a fila, quem não respeita as leis.
            Sou eu aquele típico brasileiro, aquele que acredita e cuja lei universal é a do “jeitinho”.
            E sou eu, principalmente, aquele que está perpetuando tudo isso, quem está espalhando o mau exemplo, quem está deixando todo esse legado, toda essa herança maldita para as gerações vindouras, para que elas vivam nesse mesmo país que eu vivo, para que esse país viva sempre a se iludir naquele jargão de “Brasil, o país do futuro”, mas de um futuro nunca irá se tornar presente.
            Eu sou o culpado, e torno aqui, pública, a minha culpa. Não procurem mais por ninguém, não apontem mais seus dedos para ninguém, pois aqui estou eu, de consciência limpa, ao menos uma vez na vida, tirando um peso das costas, da consciência, ao me entregar para ser julgado, condenado e para cumprir minha pena, só e unicamente por ser o responsável por toda uma série de desgraças que têm acontecido no país e na sociedade.

domingo, 21 de setembro de 2014

O conto da cidade fantasma

Aquela era uma cidade fantasma. Abandonada há décadas, até mesmo pelas almas dos que viveram e foram enterrados naquele velho cemitério localizado atrás da única igreja onde não era rezada uma missa há décadas. Até as árvores perderam a vida naquela cidade, com os troncos ressecados, inteiramente sem folhas e só não vinham inteiramente ao chão por que até os ventos não sopravam mais ali. O mato havia crescido nos primeiros anos por todos os lados, em todas as casas, no meio das ruas, mas depois deixou de crescer, secou, e jazia abandonado, em grandes tufos, por todos os cantos. Ali, animal algum pisava. Os pássaros não cantavam pela manhã, para saldar o novo dia que começava. O único rio que cortava a cidade não mais corria em direção ao mar. Ficou parado durante tanto tempo ali que acabou morrendo. Ali não havia estações do ano. No verão o sol jamais conseguia aparecer por entre as nuvens, no inverno não chovia, na primavera não havia vida para desabrochar e no outono as árvores não perdiam as folhas, pois já a haviam perdido há tempos.
            Não havia ninguém vivo que se lembrava da existência daquela cidade, pois todos os que nasceram e, em algum momento da vida viveram ali, já estavam mortos ou tinham se esquecido completamente da cidade que um dia tivera vida. Não havia qualquer registro, dados e informações oficiais sobre a existência da cidade, de forma que ela não fazia parte da jurisdição de qualquer Estado ou País. Não havia placas indicando como chegar àquele lugar, mesmo por que, aquele lugar não existia. As rodovias que outrora levavam àquela cidade tinham sumido, como que consumidas pelo tempo. A antiga ferrovia também.
            Tudo ali era um completo e absoluto silêncio, pois não havia nenhum vivente por perto disposto quebrá-lo.
            Mas apesar de tudo, de todo o abandono, aquela cidade fantasma não estava totalmente morta.
            Um homem, em viagem de um lugar qualquer para outro desconhecido, acabou se perdendo e saiu da estrada. Rumou sem destino por longas horas até que percebeu que a gasolina de seu carro estava acabando. Já era quase noite, e ele percebeu isso ao olhar para o relógio, pois pela janela do carro, olhando para o céu, não conseguiria distinguir que horas eram, se quem estava no céu era o sol ou a lua, já que não se via nenhum sinal de ambos.
            O barulho dos pneus do carro em contato com a terra e as pedras quebrou subitamente o silêncio naquela região deserta, mas logo o silêncio voltou a surgir quando o carro parou.
            O homem abriu a porta profundamente aborrecido. Só lhe faltava aquela mesmo: ficar no meio do nada, perdido, sem ninguém por perto. Bateu a porta com força ao fechá-la. Olhou ao redor, como que procurando alguém que pudesse lhe dar alguma informação ou ajuda, que pudesse pelo menos lhe dizer onde estava. Não encontrando, passou a mão no rosto, pensando no que poderia fazer naquele momento, naquele lugar. Olhou mais uma vez para o céu e de novo para o relógio, e percebeu que este havia parado. Tirou o relógio do pulso e o jogou no chão.
            - Que droga! Só me faltava essa agora – disse ele, consigo próprio. Começou então a dar alguns passos incertos, em qualquer direção, chamando por algum alguém. Mas ninguém lhe respondeu. Talvez só quem tenha lhe ouvido foi a cidade, que naquele momento, como que acordada em pleno sono, se mostrou, pela primeira vez em anos, a olhos mortais.
            A neblina que cobria a que outrora fora a entrada da cidade, afastou-se e o homem, ao ver aquela cidade sem vida que subitamente voltava a respirar, sentiu um arrepio correr por toda a sua espinha e um frio percorrer todo seu corpo.
            - Oi? Tem alguém aí? – chamou ele. Mas ninguém respondeu. Só então se deu conta de que estava completamente sozinho, na entrada daquela cidade.
            Hesitou por longos minutos, sem saber o que fazer. Pegou seu celular no bolso, mas para sua decepção, estava sem sinal. Chegou a tentar ligar para vários números, a fim de pedir ajuda, mas só o que ouviu foi o ruído estranho. Respirou fundo duas ou três vezes e com passos curtos e hesitantes, se dirigiu à cidade. A todo instante, olhava ao seu redor, a procura de alguém, de algo que lhe indicasse onde estava ou de pelo menos algum ser vivo. Aquela total ausência de vida ao seu redor lhe deixava inquieto. Mas precisava fazer algo, e continuou sua caminhada em direção à cidade, com cada passo mais lento do que o anterior.
            - Oi? Tem alguém aí? – tornou a chamar.
            Como o silêncio se fechava ao seu redor, ele retrocedeu e, ao olhar para trás, viu que a espessa neblina tinha descido, impedindo-o mesmo de ver seu próprio carro. Atemorizado, deu alguns passos incertos para o local onde julgava estar seu carro, mas tropeçou a acabou se machucando na queda.
            - Onde estou? Que cidade é essa? Onde foram as pessoas dessa cidade? – perguntava, como que sussurrando.
            À duras custas conseguiu se levantar e, mancando, foi caminhando até uma casa próxima de onde estava. Bateu na porta, chamou, mas não ouviu nada em resposta além do eco que reverberava pelos corredores e cômodos da residência. Empurrou a porta e viu que estava aberta, mas não ousou entrar na casa. Olhou para a rua, inteiramente deserta, viu as árvores nuas, mortas, inteiramente ressecadas. O único som que lhe chegava aos ouvidos era o de seus próprios passos.
            A cada dois passos que dava, ele parava e chamava, mas como nunca lhe chegava uma resposta, ele continuava a andar. Parou quando chegou a uma praça abandonada. Viu os bancos quebrados, um balanço com as correntes inteiramente enferrujadas e as pedras da calçada fora de lugar, como se alguém as tivesse retirado de seus devidos lugares, revirando-as.
            Já cansado e com a perna dolorida, ele se senta num banco daquela triste praça. Fica olhando ao redor, imaginando as pessoas que viviam ali e o que tinha acontecido a elas e à cidade para que o local tivesse se tornado aquilo que ele via diante de seus olhos.
            Perdido em seus próprios pensamentos, ele se esqueceu que estava sozinho num lugar desconhecido, até que ouviu um barulho longínquo, como de algo muito pesado sendo arrastado. Levantou-se de um salto e aguçou os ouvidos. Silêncio. Ele pensou que sua imaginação estava lhe pregando peças quando escutou novamente, o mesmo barulho, dessa vez mais próximo. E de novo e de novo. Assustado, procurou um lugar onde pudesse se esconder. Correu até uma casa grande, no final da rua, que estava com os portões e a portas abertas. Entrou e ficou escondido, num canto, agachado, abraçado às próprias pernas, esperando ouvir novamente aquele barulho, que ele não sabia do que se tratava. O único barulho que ouvia, no entanto, era o de sua própria respiração.
            Quanto tempo ficou ali, naquela posição, tremendo de medo, ele não sabia, mas tinha a impressão de que havia passado uma eternidade.
            A cidade inteira havia mergulhado, novamente, em seu mais completo silêncio, e ele resolveu sair de onde estava. Suas pernas ainda tremiam e seus passos eram inseguros. Percebeu que, do lado de fora, a neblina se adensara a ponto dele não conseguir enxergar absolutamente nada do que estava à sua frente. Chegou a esbarrar no portão de frente a casa e a tropeçar numa calçada. Caminhava com os braços esticados para frente, como se procurasse algo em que pudesse tocar. Tinha a impressão de que havia algo escondido naquela névoa, que o observava. Sentia um frio percorrendo todo o corpo e apressou os passos, para escapar daquilo que o estava escondido na névoa, mas parou quando esbarrou em algo. Algo se aproximava dele, e ele sentia isso. Escutou novamente aquele mesmo barulho, mais próximo, ao seu lado, junto ao seu ouvido. Suas pernas tremiam e algumas lágrimas começaram a lhe vir ao rosto. Sentia como se mil mãos lhe pegassem as pernas e o estivessem carregando para algum lugar. Tentou gritar, mas o silêncio ao seu redor era tão denso que sufocou sua voz. Sem mais forças para se manter de pé, ele desabou no chão, ainda consciente. Algo o estava sufocando de dentro pra fora e ele foi perdendo pouco a pouco a consciência. Sentia a neblina ao seu redor, densa, lhe abraçando, lhe engolindo pouco a pouco até que, por fim, fechou os olhos e caiu num sono profundo do qual nunca mais voltaria a acordar.

domingo, 14 de setembro de 2014

Uma folha de papel em branco

Todos em casa dormiam, mas ele estava acordado. Há meses vinha pensando naquilo, mas não sabia como fazê-lo nem qual o momento certo. Agora estava no mais absoluto silêncio, ouvindo os sons dos sonhos de cada pessoa da sua família, a respiração alta acelerada de um, o ronco de outro e o silêncio de sua mãe. Justamente sua mãe seria a pessoa que mais sentiria a sua falta. Iria sofrer no início, vendo-o em todos os cantos, sem saber para onde ele tinha ido, até que pouco a pouco se acostumaria com a sua ausência, mas jamais iria esquecê-lo, pois as mães nunca esquecem. Seu pai, perante todos, iria se mostrar forte e quem sabe até passaria a admirá-lo por seu ato e falar nisso para os amigos, mas no fundo também estaria despedaçado. Suas irmãs, uma sentiria a sua falta, mas a outra ficaria até feliz, pois poderia insistir com sua mãe para ficar com o quarto dele, já que ele não estava mais ali.
            Ninguém iria saber de seu paradeiro, ninguém sequer sabia que ele nutria aquele desejo de ir embora, pois ele jamais o confidenciou a ninguém, nem mesmo ao melhor amigo ou ao espelho. Nenhuma palavra à ninguém. Sofreu por longas semanas e meses com aquilo guardado no peito, com aquele plano impensado. Sentia-se inseguro por muitas vezes até, mas ora parecia tão determinado... Mas agora sentia, sabia que havia chegado a hora. Daria o primeiro passo sozinho ou correria para os braços dos pais. Pensou até em bater à porta do quarto deles e pediria para se deitar e dormir entre eles, como fazia quando era criança. Agora se sentia tão indefeso e confuso quanto uma criança, precisando de um amparo. Mas agora ele não tinha em quem se amparar, se realmente fosse fazer aquilo, dar aquele tão longo e difícil passo.
            Aquele silêncio opressivo àquela hora da noite lhe deixava em dúvida. Estava, já, imóvel, sentado à mesa, há horas. Seus olhos pesados, queriam se fechar; sentia um enorme peso sobre seus ombros, que faziam com que ele se curvasse. Talvez fosse aquele o peso da responsabilidade, da tão difícil decisão que tinha de tomar naquele momento: voltar para seu quarto e dormir, como se nada tivesse acontecido, e passar o resto da vida se sentindo um fracassado, um covarde, ou dar aquele passo rumo ao imprevisível.
            Levantou-se, sentindo todos os músculos de seu corpo doerem e começou a andar de um lado para o outro. Foi até o quarto de suas irmãs e as viu dormindo, cada uma em sua cama. Se fosse embora sentiria falta delas. Quem seria o “irmão mais velho” se ele fosse embora? Fechou delicadamente a porta do quarto, para não acordá-las. Foi até o quarto dos pais e, da porta, os viu dormindo, cada um de um lado da cama. Uma lágrima dolorosa e silenciosa escapou de seu olho e escorreu por sua face quando os viu.
            Voltou à mesa e se sentou, derramou lágrimas silenciosas e dolorosas. Ficou longos minutos com a respiração entrecortada, tendo cuidado para não fazer qualquer barulho que pudesse acordar alguém. Olhou para a sua mochila no chão, à porta do seu quarto, olhou para a porta de casa, fechada, mas que ele poderia abrir com tanta facilidade. Distava apenas alguns poucos metros daquela porta, mas, para ele, naquele momento, parecia uma distancia tão longa. Se fosse embora, talvez não pudesse mais voltar; se ficasse, talvez nunca mais fosse embora, ficando preso para sempre. Eram dúvidas que lhe atormentavam, que lhe doíam no peito e faziam sua cabeça explodir.
            Tinha uma folha de papel em branco à sua frente e uma caneta na mão. Pensava no que poderia escrever, no que poderia dizer em tão curto espaço. Que palavras diria? Pediria desculpas? Diria que um dia iria voltar? Que sentiria falta de todos? Como expressar tanto, falar tanto e com quem palavras num momento como aquele? Nada que escrevesse, numa simples carta, seria suficiente para expressar tudo o que sentia, tudo o que teria para dizer.
            Suas pernas doíam, seus ombros pesavam, mas ele se levantou. Andou de um lado para outro, sofrendo com as dúvidas e incertezas. Foi até a porta, girou a chave, mas não girou a maçaneta. Ela lhe parecia muito dura e lhe queimava a mão.
            Olhou para trás uma última vez e viu a casa que tanto conhecia, onde podia andar com os olhos fechados sem esbarrar em nada. Sentiria falta da casa, da mãe, do pai, das irmãs e de cada cantinho que lhe trazia lembranças.
            Abriu a porta. Agora era só uma questão de um passo; de um único tão longo e difícil passo, um passo para frente, e nada mais, mas se o desse, não poderia mais voltar atrás. Olhou a porta aberta à sua frente e tudo o que estava deixando para trás. Prendeu a respiração, mergulhando, agora, no desconhecido, no incerto, e deu aquele derradeiro passo. Sentiu um alívio e opressão no peito ao fazer aquilo. Agora não podia voltar atrás, teria que ser sempre em frente.
Assim que o amanhecesse, iriam procurar por ele por todos os cantos da casa, iriam dar mil e um telefonemas, para todos os parentes e seus conhecidos, a fim de saberem algo sobre o seu paradeiro, mas ninguém saberia de nada. A essa altura, ele já estaria longe, onde, nem ele mesmo sabia. A única coisa de concreta que havia deixado para trás, como uma lembrança, foi uma folha de papel em branco e uma caneta.